sexta-feira, 20 de junho de 2014

4º dia do VIII Raid do Kwanza Sul: Namibe

Como hoje a saída foi mais tarde, o Hans-Jürgen e eu pegámos em duas bicicletas do hotel e fomos até à praia apesar de se ter levantado um grande vendaval e uma tempestade de areia. Fomos até à Praia Amélia, uma das muitas belas praias de cidade de Namibe. Passámos pela capela onde as crianças estavam a ter catequese – no regresso, apesar de a igreja já estar fechada, as crianças ali se mantiveram a jogar ao mata – e chegámos à praia onde os pescadores estavam a arranjar as redes. Dois israelitas, que ali trabalham na prospeção de urânio, preparavam a vela do windsurf.

De regresso, contra o vento e contra o relógio, o caminho foi mais difícil. Mas chegámos a tempo. Da bicicleta saltámos para o jipe e partimos para a foz do rio Giraúl, passando pelo porto praticamente abandonado. Como no grupo havia muitos engenheiros, a curta viagem foi uma verdadeira aula de Engenharia Civil, tema: construção de pontes. O rio Giraúl é um potente rio durante a época das chuvas, ficando quase seco na época do cacimbo. Assim o encontrámos, sem conseguir sequer chegar ao mar. Um banco de areia barrava-lhe o caminho, formando uma bela paisagem que nós admirámos do cimo das falésias rochosas. Talvez pelo vento que se tinha levantado, a zona esta a sofrer uma invasão de libelinhas.

A hora do almoço aproximava-se e fomos para o centro da cidade para um bairro de casinhas coloniais onde se instalou Filipa Henriques, tendo ali montado o restaurante Tubiacanga . Desculpe? Tubiacanga ? Isso não é nome de novela brasileira? Certo. Nos anos 90, a novela passava na televisão angolana. A vida de Filipa Henriques estava muito difícil. Ela revia-se naquela novela. E disse: Se algum dia tiver um negócio próprio vou chamá-lo Tubiacanga . Entretanto perdeu o emprego e começou a fazer pastéis e bolas de Berlim. O negócio começou a render e Filipa Henriques abriu uma pequena tendinha no r/ch da sua casa que foi crescendo e crescendo chegando ao restaurante que tem hoje em funcionamento. Ela própria dá formação aos seus empregados, da cozinha e da sala. O almoço que nos serviu foi muitíssimo bom: de lagostas (enormes!) a caranguejo, a calulu de peixe com funge, passando por lulas recheadas e muitas outras iguarias, não esquecendo as sobremesas.

De barriga cheia fomos conhecer o deserto de areia ali mesmo na cidade. Parámos na praia para um refrescante banho, infelizmente só aproveitado por uma meia dúzia de participantes. Às 17h, um pequeno grupo separou-se da caravana e foi até à igreja de Santo Adrião para participar na missa.

A primeira pedra desta igreja foi lançada oito dias antes da chegada da 1ª colónia de Pernambuco (Brasil), em 1849.  A exigência de um templo foi solicitada por Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro (chefe da expedição), ainda no Brasil, como condição para a partida. 

Nesta igreja estava reunido um grupo de carismáticos e a missa estava a ser celebrada pelo bispo. Foi uma missa muito vivida, muito intensa que continuou para lá da celebração. À saída, as pessoas juntaram-se no adro e começaram a cantar, a dançar e a louvar o Senhor. É grande a religiosidade deste povo.