sexta-feira, 20 de junho de 2014

6º dia do VIII Raid do Kwanza Sul: Foz do Cunene - dunas (242 km)

Hoje o plano era ir à Baía e à Ilha dos Tigres. Mas… a natureza não foi favorável e nem com seguimos lá chegar.
O primeiro obstáculo foi sair do acampamento. Vencer uma diferença de 80 m de altitude em areia foi um verdadeiro desafio para os jipes. Uns conseguiram à primeira (entre eles o Hans-Jürgen – grande condutor TT), outros à segunda, à terceira e outros…. tiveram de ser puxados pelo cabo. Ao fim de 2 ½ horas, todos os carros estavam finalmente na parte de cima da duna. Para quem não estava a conduzir foi um espetáculo ver os jipes a subirem a duna a toda a velocidade… e a pararem atascados no “degrau” antes do cume. Voltavam a deixar descair o carro para tentar de novo.
Todo o percurso foi em areia, primeiro no deserto. Areia dourada a perder de vista. Somente areia, areia, areia. Depois surgiram aqui e além um ou outro arbusto, baixo. Ao longe vimos orixes, chitas, chacais – vimos os que não estava a conduzir. Os condutores tinham de estar bem concentrados na condução. 4H. 2ª/3ª mudança. Pé a fundo no acelerador. Caso contrário era atascanço certo.
Finalmente chegámos à praia, a alguns metros da rebentação. 48 km de praia. O vento era tanto que só se ouvia a areia a bater no carro. Os jipes corriam paralelos à água, velozes para não atolarem. As lagoas, escondidas em manchas de areia escura, escondiam pântanos, um perigo para os jipes: carros que por lá passam, atolam imediatamente por causa das areias semi-movediças.  A inexistência de pista fazia-nos voar constantemente, troços havia que eram uma verdadeira massagem tremidinha….
Quando alcançámos as dunas antes da Baía dos Tigres, fomos forçados a parar. As calemas - alterações que ocorrem periodicamente no nível das águas do mar, causadas pela interferência da força de gravidade, ou seja, com a influência da Lua e Sol, sob o campo gravítico do planeta Terra – tinham cortado o caminho e não havia passagem. Uma hipótese era escalar a duna e depois descê-la – uma aventura desafiante e possivelmente sem final feliz pois o vento era fortíssimo, levantava imensa areia e ninguém sabia em que estado estava a duna.
Enquanto se discutia o que fazer, avistámos ao longe uma família de baleias-piloto. Ou seriam golfinhos? Dali da praia e sem binóculos não era possível confirmar. Mas eram animais felizes, brincando, pulando – enfim, fazendo um espetáculo para nós.
Após uma hora de ponderação, decidiu-se abortar o passeio à Ilha dos Tigres. Grande desilusão, mas nada havia a fazer. O almoço, inicialmente previsto para a Baía dos Tigres, foi no posto fronteiriço da Foz do Cunene, mais abrigado do vento. Uma meia dúzia de casas onde uma mão cheia de soldados guarda a fronteira!

 Entretanto, já passavam das 17h e resolvemos esperar pelo pôr-do-sol, uma espera que valeu a pena. O outro lado da medalha: os 100 km do caminho de regresso foi todo feito à noite!