sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Uzbequistão - 11º dia

 


Não sei quem disse : En toute chose il faut considerer la fin. Mas é uma verdade. Hoje foi o último dia da nossa viagem. 



Começámos pelo mausoléu de Shah-i-Zinda. O seu nome significa “Túmulo do Rei Vivo” e é o lugar onde descansam os restos mortais de muitos dos monarcas que reinaram sobre estas paragens assim como de outros notáveis do Uzbequistão e muitos dos seus familiares. 

Aqui se encontram trabalhos extraordinários em mosaico, como o que se observa no túmulo de Shodi Mulk Oko, de meados do século XIV, cujo acabamento foi de tal qualidade que até aos dias de hoje basicamente não necessitou de nenhum restauro.




O túmulo principal é o que se pensa ser o túmulo de Qusam ibn-Abbas, primo do profeta Maomé, que terá trazido o Islão para esta região no século VI. O próprio Maomé terá dito sobre o primo: “É a pessoa mais parecida comigo em caráter e fisionomia “.

Vir três vezes em peregrinação a este túmulo vale uma peregrinação a Meca. E, na realidade, vimos duas senhoras a rezar  fervorosamente em voz alta. 

Depois da visita a este mausoléu tomámos um táxi para o mausoléu do Tamerlão. Só que está a decorrer uma cimeira internacional com diversos chefes de estado e muitas ruas cortada. Conclusão: após muitas voltas, acabando sempre por esbarrar na polícia largámos o táxi e resolvemos ir almoçar. Encontrámos uma pastelaria, Café Chocolat, com um aspeto muito delicado e almoçámos … bolos!




Depois deste almoço original fomos a pé até ao mausoléu do Tamerlão. Ao passarmos pela estátua desse governante percebemos a razão do engarrafamento e das ruas cortadas: tinha decorrido ali uma homenagem a este grande monarca com colocação de uma coroa de flores. 


Alguns metros adiante está o belíssimo mausoléu de Gur-e-Amir. Neste monumental mausoléu repousam os restos mortais de Timur, de dois dos seus filhos e de dois netos, incluindo Ulugbek, responsável por uma das mesquitas do Reguistão. 



O corpo de Tamerlão não deveria ter sido colocado aqui. Ele  até tinha preparado uma cripta para si em Shakhrisabz. No entanto, a 18 de fevereiro de 1405, Timerlão morre inesperadamente, segundo parece vítima de uma pneumonia, quando se encontrava no Cazaquistão a organizar uma invasão à China.

Nesse ano, o inverno estava a ser rigoroso e o acesso a Shakhrisabz não era possível . Decidiu-se , que seria sepultado neste mausoléu, construído apenas um ano antes para receber a sua descendência quando chegasse a altura.

Interessantemente, quando um antropólogo soviético abriu a cripta, em 1941, concluiu que Tamerlão era um homem alto para a sua época, tendo cerca de 1,70 m. Detectou igualmente sinais de deficiências na perna e no braço direito, provavelmente fruto das feridas dos vários combates, e que Ulugbek tinha sido decapitado. No interior da cripta encontrou uma inscrição que dizia: quem violar este espaço terá que enfrentar um inimigo mais temível que eu próprio”.  Estava-se a 21 de Junho e no dia seguinte os exércitos de Hitler invadiam a URSS! 

Para finalizar a nossa viagem, fomos ao Museu Regional de História que está na antiga casa de um milionário judeu. 

E terminámos a nossa viagem com a chave de ouro no restaurante  Samarcanda, onde encontrámos uma uzbeque a falar fluentemente Português por ter vivido oito anos no nisso país. 





Tivemos um jantar delicioso e muito divertido num enorme restaurante no qual até tivemos direito a mùsica ao vivo que entusiasmou as senhoras para dar um pezinho de dança.