sábado, 5 de novembro de 2022

Uzbequistão - 5º dia




Hoje foi dia de descobrir Bucara. Após um belo pequeno-almoço bem uzbeque,  partimos à descoberta da cidade. 



Bucara,  localizada próximo da fronteira com o Turquemenistão,  é considerada uma das cidades mais sagradas da Ásia Central. Aqui encontramos edifícios religiosos milenares e traços das influências dos povos que por aqui passaram: persas, mongóis e  soviéticos. O centro histórico de Bucara é, desde 1993, Património Mundial da Humanidade da UNESCO.

Em Bukhara há inúmeras mesquitas - teoricamente uma para cada dia do ano, mas nós achamos que são mais - , madraças e caravansarais. O melhor é percorrer, sem destino,  as ruelas que formam a cidade antiga.

Decidimos começar a visita pelo ponto mais longe do nosso hotel, a fortaleza (Bukhara Arc). Só que até fomos descobrindo muitos monumentos … e muitas lojas. 

No caminho cruzámo-nos com um grupo de alunos em visita de estudo que ficaram altamente excitados por sabermos que éramos do país do Cristiano Ronaldo e fizeram questão em tirar uma foto connosco. 






Por fim avistámos a fortaleza. Antes de entrarmos fomos a uma casa de banho pública, por acaso muito limpas. Ao sairmos, o rapazinho olha para nós e diz: “5.000 som”. Eu virei-me para ele e respondo: “5.000 som? Nem pensar! Em Tashkent paguei 2.000” e dei-lhe 6.000 por nós as três. Pode sempre tentar-se enganar os turistas… 



A fortaleza foi construído inicialmente no século V e ocupado ininterruptamente até 1920, quando o Exército Vermelho a bombardeou. 

Na época de ouro da cidade serviu de residência aos emires de Bukhara. Por essa altura era uma autêntica cidade dentro da cidade, existindo no seu interior palacetes, templos, casernas, escritórios, uma casa de cunhagem de moeda, armazéns, oficinas, um arsenal e uma prisão.



Esta fortaleza foi palco de grandes atrocidades, especialmente por parte do emir Nasrullah , que era o terror em pessoa. 





No centro histórico destacamos dois complexos religiosos: o de Khoja Gaukushan e o de Pol Kalon. 







O complexo de Khoja Gaukushan é um grupo de edifícios islâmicos, um dos mais monumentais da cidade. O nome, Gaukushan, significa "matança de touros", pois o local era um matadouro  antes de ter sido convertido numa área de comércio. O nome Khoja é uma referência aos cojas que mandaram construir o conjunto. Os primeiros monumentos foram construídos entre 1562 e 1579.

A maior parte deste conjunto monumental foi construída pela poderosa família Jubari, que contribuiu significativamente para o desenvolvimento urbano de Bucara na segunda metade do século XVI, tendo adquirido terra no interior da cidade para construírem espaços comerciais cobertos, hamames, caravançarais e outros edifícios comerciais.

O conjunto organiza-se em dois dos lados dum hauz  octogonal. Antes do período soviético existiam vários desses lagos, que funcionavam como as principais fontes de abastecimento de água da cidade, mas também contribuíam para a propagação de doenças, o que levou a que fossem drenados durante as décadas de 1920 e 1930. A mesquita fica a oeste, a madraça a sudoeste, não estando virada para o hauz, entre as duas ergue-se o minarete e a madraça Mir Haidar Bala a leste, em frente à mesquita.

Nesta praça estavam a decorrer filmagens com imensos figurantes - humanos e animais 



O complexo Pol Kalon está disposto em volta duma grande praça aberta. 

 

As primeiras obras  foram iniciadas no primeiro quartel do século XII pelo cã caracânida Arslano Cã (r. 1102–1129), que mandou construir vários edifícios, incluindo uma mesquita com um minarete de madeira, da qual pouco se sabe. Arslano foi ali enterrado. Segundo a lenda, o minarete caiu pouco tempo depois de ter sido construído, destruindo a mesquita com a queda. Até pelo menos meados do século XX a praça era o local onde se relaizava o movimentado mercado de algodão, o principal produto de exportação do Usbequistão. 

Num dos lados se ergue a mesquita e no outro, em frente a ela, a madraça Mir-i Arab. Noutro dos lados fica a biblioteca com uma grande cúpula. Em frente da biblioteca temos a madraça Emir Alim Cã. 

Num dos cantos da praça do lado da biblioteca ergue-se o grande e belo minarete Kalon, erigido em 1127, durante o reinado de Arslan Khan, e que seria nessa altura a estrutura mais alta da Ásia Central. Tem uma altura de 47 metros acima do nível do solo e as suas fundações têm uma profundidade de 10 metros. Diz-se que o próprio Gengis Khan ficou tão impressionado que deu ordens aos seus homens para não tocarem no minarete, enquanto o resto da cidade era arrasada. Já o Exército Vermelho não ficou tão impressionado com o minarete e, em 1920, o general Frunze bombardeou-o. 

Entretanto, encontra-se impecavelmente restaurado, deixando observar os ricos ornamentos que o revestem, inclusive os primeiros mosaicos de azul esmaltado que mais tarde haveriam de cobrir todos os monumentos de vulto da Ásia Central.

Quando o sol se pôs, fomos caminhando pelas ruelas algo escuras e sombrias da cidade antiga até à praça onde se ergue a  

madraça de Nadir Divambegui. Juntamente com a madraça Kukeldash e o Khangah de Nadir Divambegui forma o conjunto monumental Lyab-i-Hauz, construído entre 1619 e 1623. É uma área que rodeia um dos últimos hauz em Bucara. Aqui encontrámos uns noivos a tirar fotografias.