Aterrámos em Tashkent às 7h50, após uma viagem de quase 11 horas. O aeroporto é moderno, mas não grande. A passagem da fronteira é igual à do tempo soviético, mas com funcionários um bocadinho mais simpáticos. Mantêm, porém, o costume de comparar a nossa cara com a da foto umas 50 vezes…
E quando todos os passageiros tinham sido controlados, os funcionários tiraram as cadeiras dos guichets, puseram-nas do lado de fora e ficaram a conversar.
Passado o controlo de passaportes entramos na zona da entrega das malas. Ao centro há a informação turística… que só vende cartões sim. Nem um mapa têm.
Ao lado, o balcão dos táxis oficiais. Para nao sermos enganadas logo na 1a manhã, resolvemos pedir ai um taxi que tinha de ser pago em som. Ou seja, fomos trocar dinheiro. Entregámos €300 e recebemos 3 milhões (!!!) e cento e cinquenta mil som.
Com o dinheiro na mão, voltámos ao aluguer do táxi. Preço: 49 000 som = €4.51. Entregámos uma nota de 50 mil, mas a menina não tinha troco. Generosamente prescindimos de 1000 som … €0.09!!!
Wifi - nem vê-lo. Só funciona com números uzbeques. Não podemos assim falar com a senhora do Airbnb.
Saímos do terminal e apercebemo-nos logo que Tashkent é uma cidade muito moderna. Avenidas muito largas com 4 faixas de rodagem para cada lado. Muitos parques e jardins. Muitos carros, a grande maioria, brancos.
A referência para o apartamento era uma florista : “A entrada é atras da florista”. A florista tinha muito bom aspeto, a entrada atras muito mau ar. Como nao tínhamos internet, nao podíamos reler as mensagens deixadas na página do airbnb. Entrámos na florista e perguntámos pela Vika. Ninguém conhecia. Percebemos que estavam a oferecer-se para lhe ligar. Um senhor mais velho, pegou então no telemóvel e foi à app da tradução. Ficámos a saber que a Vika viria aí buscar-nos.
Passado pouco tempo apareceu a dita Vika. Diz Hello! e mostra o telemovel onde esta escrito: I don’t speak English. Toda a conversa seguinte foi feita via app da tradução.
O apartamento fica no 9º andar com uma fantástica vista sobre a cidade. Está perto de uma estação de metro, a 600 m do famoso Hotel Uzbeskistan, o melhor exemplar de arquitectura soviética na cidade,
impressionando pelas suas dimensões, da estátua do Tamerlão (Tīmur ibn Taragay Barlas, último dos grandes conquistadores nómadas da Ásia Central de origem turco-mongol) e do respetivo museu (inaugurado em 1996)
A aventura seguinte foi arranjar um táxi. Aqui os táxis nao têm característica especial. Não queríamos ser enganadas logo no 1º dia. Fomos perguntar a um policia. Não falava inglês. Vimos um jovem. Ele deveria falar ingles. Na realidade falava e simpaticamente chamou o táxi do telemovel dele. Por uma viagem de 15 minutos, pagámos 19000 som - €1,95! Fomos novamente mãos largas e demos 1000 som (€0.09!) de gorjeta.
Fomos até ao Mausoléu de Abubakr Kaffal Shashi. Kaffal-Shashi viveu há mais de mil anos, mas não há ninguém em Tashkent que não saiba quem é ''Hazrati Imom' (Santo Imam), o nome que lhe foi dado no século X. Foi um um poeta, um poliglota e autor de muitos livros sobre a Lei Islâmica. O mausoléu foi construído no séc. X, destruído por Genius Khan no sec. XIII e reconstruído no sec. XVI/XVII.
Aqui encontrámos uma uzbeque que falava perfeitamente italiano e até ja tinha estado no nosso pais
Mesmo ao Lado está o seminário mais importante muçulmano no tempo da União Soviética. Nesta altura era o único seminário muçulmano autorizado e poderia ter até 25 seminaristas. Hoje em dia 130 homens e mulheres preparam-se aí para imãs num curso de quatro anos.
No mesmo parque ha ainda um complexo com a mesquita Tilla Sheik, a antiga mesquita principal de Tashkent, a madraça Madraça Barrakh-Khan e o museu da biblioteca Moyie Mubarek. Os três edifícios formam uma praça ampla e bela que até serve de palco para sessões de fotografia da moda.
Tilla Sheikh , que significa Sheikh Dourado. Foi construída pelo khan Kokand Mirza Akhmed Kushbegi em 1856-57 anos.No pátio da mesquita há salões de inverno e verão para orações, minaretes, salas de armazém e uma biblioteca. A mesquita é decorada com nicho mikhrab.
No outro lado está a Madraça Barrakh-Khan, em homenagem ao Khan, do século XVI, mandada construir por Suyunidzh-khan. A sua biblioteca está especialmente bem apetrechada, contando com alguns manuscritos de grande valor como o Corão do Califa Osman. Os antigos aposentos dos estudantes foram transformados em lojas de artesãos.
A principal atração da praça Khast Imom é o museu da biblioteca Moyie Mubarek que abriga o Alcorão Osman do século VII ( Alcorão de Utah), que se diz ser o mais antigo do mundo. Este enorme tomo de pele de veado foi trazido para Samarcanda por Timur, depois levado para Moscovo pelos russos em 1868 antes de ser devolvido a Tashkent por Lenin em 1924 como um ato de boa vontade para com os muçulmanos do Turquestão.
O museu também contém aprox. 30 livros raros dos séculos XIV a XVII entre sua coleção, incluindo um coreano do tamanho de um polegar numa caixa de amuleto.
Às 14h30, após alguns km a andar , ainda nao tínhamos almoçado. Fomos então procurar um restaurante. Um mesmo à frente, era de uma espécie barraca de farturas. Continuámos a andar e vimos uma senhora a quem perguntámos se falava ingles. Era óbvio que não. Mas lá nos fizemos entender e ela explicou-nos.
Começámos a andar na direção indicada e vimos um restaurante que parecia uma garagem com mesas e cadeiras
Ninguém falava inglês. Mas o senhor perguntou se queríamos pilaf. E pedimos três doses E espetadas. O senhor vai à arca congeladora e mostra-nos duas espetadas : uma de carne picada e outra de carneiro. Escolhemos esta. E para beber pedimos chá.
Recebemos três tigelas enormes de arroz pilaf.
Quando veio a conta, achámos muito caro: 140 000 sons =€12,40! Ainda discuti , eu em Português e ele em Uzbeque , ate que percebi a razão daquele preço. As taças de pilaf eram enormes porque a dose era de … 1 kg! Ou seja, tínhamos recebido 3 kg de arroz!!!!
Trouxemos para casa e temos arroz para os próximos dias …