terça-feira, 21 de junho de 2016

IX RAID Kwanza Sul - Dia 7 - 15 de Junho de 2016

Hoje previa-se uma etapa dura. 
Despertar às 4. Pequeno almoço às 4.30. Partida às 5 - escoltado pela polícia namibiana. 
Chegámos à fronteira do Bico às 5.50... mas só saímos de lá 3 horas depois, pois fomos infirmados de que afinal não havia combustível em Rivungo. Dois carros voltaram a Kongola, na Namíbia, a 30 km da fronteira, para encher 26 jerricans com gasóleo. 
A polícia angolana sugeriu acompanhar-nos pois poderia ser que as picadas estivessem intransitáveis - mas para isso teríamos de encher o depósito do jipe que não tinha combustível já há alguns dias....
Tínhamos ainda a percorrer 261 km da fronteira ao Rivungo - em picadas arenosas. 
Alguns quilómetros adiante passámos por um posto de controlo da guarda florestal decorado com crânios de elefante, de búfalo, de olongue. 
Os trilhos eram muito apertados. Demorámos 50 minutos para fazer 17 km. A paisagem era porém de grande beleza com grandes e amplas chanas
(pradarias). 
Chegámos à Jamba (a 87 km da fronteira) às 13h00. Tanto ouvimos falar da Jamba durante a guerra civil de Angola. Foi aqui, no nada, que Jonas Savimbi se refugiou à volta de quem se foi formando a população. Aqui recebia as delegações de políticos pró Unita e a comunicação social estrangeira e fazia a sua propaganda política. Demos uma volta pela casa verde onde Savimbi viveu, da qual só restam agora as paredes, vimos locomotiva que ele mandou fazer e colocar na rotunda em homenagem ao pai. Ao lado da casa havia um grande buraco onde, segunda consta, estava enterrado um contentor que servia de bunker. 
Seguimos viagem e em breve o sol começou a ficar uma bola de fogo. A noite rapidamente caiu e os problemas começaram. No mufito (trilho pela mata/ floresta) a picada era muito fechada e cheia de "tree stones" (tocos de árvores aguaçados). Apesar de irmos a uma velocidade muito baixa (20 km/ hora) e com muita atenção ao trilho batemos num toco que nos fez derrapar ligeiramente. A parte lateral direita superior do jipe ficou rasgada, a jante toda torta e p pneu furado. 
Rapidamente o mecânico da Robert Hudson mudou o pneu. 
Passado algum tempo, a caravana chegou a um charco. Dez jipes passaram sem problemas mas foram revolvendo o fundo. Quando estávamos precisamente no meio da água, atascámos a aproximadamente 30 m de cada uma das margens. Felizmente o jipe de trás tinha um guincho a que se ligaram duas cintas que novamente o fantástico mecânico prendeu ao nosso jipe e nos puxou. 
Mas esta não foi o último obstáculo do dia. Mais tarde para atravessarmos um rio havia uma ponte em condições muito precárias: umas vigas paralelas em cima das quais havia uns troncos perpendiculares. Mais uma vez, passaram dez jipes sem problemas. Quando foi a nossa vez de entrar na ponte, os troncos perpendiculares já tinham perdido as cunhas que os seguravam e nós resvalámos. Recuámos e começámos a procurar paus na escuridão só com as nossas lanternas de cabeça. Depois de arranjarmos a ponte conseguimos passar o rio. 
Chegámos ao Rivungo à 1.30 da manhã. Apesar de quase não terem meios, as autoridades municipais disponibilizam-nos colchões que espalharam por dois edifícios municipais.