sexta-feira, 10 de junho de 2016

RAID Kuanza Sul - Dia 1 - 9 de Junho de 2016

Despertar às 5.30. Às 7h30 após uma viagem rápida e sem trânsito até Talatona chegámos à Robert Hudson onde nos esperavam 13 jipes, novinhos, com somente com 94 km no conta-quilómetros. 
Às 8.22 saímos do concessionário da Ford. O RAID começou. No portão todos os jipes "zeraram". 
A estrada de saída de Luanda tem IMENSO tráfego. Até está em boas condições mas o fluxo de trânsito continua compacto. À beira da estrada, kitandeiras e vendedores tentam vender aos condutores fruta, lenços de papel, sims para telemóveis, enfim , tudo o que faz falta - ou não. 
Passámos pelo estádio 11 de Novembro construído para o CAN 2004, pelo pavilhão multi usos construído para o Mundial de Hockey em 2011 - tudo equipado com tecnologia de ponta da Siemens. 
De repente, na Chinatown surgem 4 letras amarelas em fundo azul: IKEA.  IKEA em Angola? Sim, uma IKEA .... chinesa ....
Logo a seguir uma nova centralidade entre Kilamba e Zambo onde está a fábrica da cerveja Tigra. 
Entrámos então na estrada de Catete que está a ser alargada pois é a estrada de ligação ao novo aeroporto. No entanto, a partir daí até ao Alto do Dondo a estrada está péssima. Apesar de ter sido alcatroada de novo há apenas 4 meses está uma lástima com grandes crateras nas bordas e no meio e com a vegetação a tentar tomar conta da via. A condução tem de ser feita com cuidados redobrados por causa dos buracões e do trânsito dm sentido contrário. 
Fizemos a 1a paragem às 11.30 no Alto do Dondo. Até Calulo, uma vila que nos tempos coloniais abrigava a grande colónia  alemã, o percurso fez-se lindamente. Pouco tempo depois começou uma picada de 42 km até à Fazenda de Santa Maria  - saímos de Calulo às 13.30 e só chegámos à Fazenda Xixila às 16h! O caminho era pior que navegar no mar alto. As chuvadas  fizeram profundos veios na picada. A paisagem era porém lindíssima com pequenos montes no cimo dos quais se amontoam pedras e pedregulhos.  

O almoço foi na Fazenda de Santa Maria que produz um delicioso vinho branco, feito de trempanillo e verdelho. Do restaurante, no cimo de um monte , tem-se uma espetacular vista de 360 graus sobre a vasta planície entrecortada por pequenos montes, alguns dos quais parecem
diluir-se no véu que cobre ao longe a paisagem. 
Pertença do general Higino Carneiro, a Fazenda teve um projeto vinoturistico. As 1as vinhas firam plantadas em 2009, tendo sido o 1o vinho feito dois anos depois. No entanto, o lançamento comercial foi so feito  2013. O enólogo é Paulo Mesquita de Trás os Montes. Da vindima de 2014 foram produzidos 
60 mil litros de vinho que só é vendido em Angola. Dessa colheita ainda estão em armazém 17850 garrafas. 
A fazenda também produz uvas de mesa (colheita de 2014: 43 mil kg), diversos licores e uma aguardente de grande qualidade (2014: 3000 l). 
No final da visita à adega fomos surpreendidos com um fantástico espetáculo de cores no céu. O sol tornou-se uma bola de fogo que rapidamente mergulhou no horizonte. Ao mesmo tempo, o céu ficou cor de laranja forte.   
Era altura de ir distribuir os quartos. A fazenda tem 37 contentores  que lembram uma aldeia de operários de uma fábrica. As condições são péssimas! A cama é pequena. A tampa da sanita, de muito má qualidade, estava partida. Só havia uma toalha. Os geradores de eletricidade estão mesmo juntos aos contentores  - vai ser uma noite ruidosa.  Mas como estamos cansados vamos com certeza dormir profundamente. 


So que... nos perdemos no caminho do restaurante para os contentores. Metemo-nos por uma picada onde só havia capim alto. E no céu milhares de estrelas. Andávamos , andávamos e só víamos capim. Nada de contentores. Ao fim de quase 10 km de voltas, pedimos ajuda pelo rádio que temos nos jipes. Nem sabíamos se ainda alguém estaria nos jipes. Felizmente ainda estavam pessoas a regressar. Todos os carros desligaram as luzes para assim ser mais fácil localizarem-nos. E por fim encontrámos o grupo e juntos fomos para os contentores.