terça-feira, 21 de junho de 2016

IX RAID Kwanza Sul - Dia 8 - 16 de Junho de 2016

Se ontem à etapa foi dura, a hoje não foi menos.
A noite foi curta mas compensada por um duche de água fria que nos revigorou. Depois de um pequeno almoço frugal de pão, muito fofinho, "com dentes" e uma chávena de leite em pó Nido com Nescafé fomos apreciar a grande obra municipal do canal do rio Cuando que vai permitir chegar-se à Zâmbia de barco em 15 minutos em vez das atuais 3 horas por estrada. 
A passagem do RAID por um município que fica no fim do mundo e aonde nunca vem ninguém merece um ato solene. No salão reuniões do município o Administrador municipal adjunto deu-nos as boas vindas e, resumidamente, apresentou-nos a realidade local. 
A toponímia da cidade  - 
Rivungo - vem do nome da árvores vungo vungo que abundam por aqui.  Rivungo fica no extremo leste da província, a 600 km da capital da província, Menongue. 400 km de picadas arenosas são as vias terrestres para aqui se chegar - estamos mesmo no fim do mundo. 
A população do município é constituída essencialmente pela Etnia bantu. A etnia umbundu que também se encontra aqui não é autóctone, tendo vindo com a guerra. 
O clima é quente e as terras são boas para a agricultura. No entanto, as alterações climáticas têm sentido aqui: a falta de chuva tem prejudicado a agricultura, aumentando assim a fome das populações. 
Até 2002 este município não tinha nenhuma estrutura representante do estado central. Dede então foram construídas escolas, rede de águas , um parque infantil, terraplanagens , melhoria das vias terrestres, antenas da RNA, emitindo em FM que chegam a 90% da população. 
O município tem participado ativamente no projeto KaZa, no futuro o maior polo de atrações turísticas do mundo. Há porém muitas dificuldades como pior exemplo, a matança indiscriminada de animais por caçadores furtivos. 
No que respeita a flora, o município tem um grande leque de plantas medicinais, em especial no parque natural do Luiana. 
A etapa de hoje teria  menos quilómetros do que a de ontem mas por muitas picadas estarem diferentes e como ontem o líder do RAID andou por muitas picadas erradas, o Adminstrador Adjunto do Rivungo disponibilizou -nos um guia que teoricamente conheceria bem o caminho para Mavinga. Sim, teoricamente. Na pratica não foi bem assim. A dada altura, o guia adormeceu e deixou passar o desvio que deveríamos ter tomado. 
A 150 km de Mavinga já tínhamos conduzido 10 horas. A noite  caiu e ainda foi mais difícil encontrar a picada certa. A dada altura o guia levou -nos pelo meio do mato e em direção a norte, quando Mavinga estava a Oeste. 
A caravana partiu-se havendo alguns jipes perdidos. 
A partir de aí foi foi uma sucessão de problemas. Um jipe furou um pneu. Este estava a ser mudado quando de um dos jipes se ouve um pedido de socorro. Uma senhora tinha desmaiado. Uma raidista médica entrou no carro e, como a picada estava tomada pelos jipes, meteu-se a corte mato, não viu uma vala e caiu lá dentro. Seguiu a correr pelo capim fora para acorrer quem estava doente. Rapidamente dez o diagnóstico: gastro-enterite, o mal dos viajantes. 
Enquanto tentava estabilizar a doente, o mecânico tirava o jipe da vala com o guincho. 
Estávamos a 30 km de Mavinga e era 1 hora da manhã. Era preciso avisar o Administrador que fosse preparado um quArto com cada de banho para a doente. Só que ali não havia rede!
Chegámos às 2h a Mavinga. Mortos. O Administrador estava à nossa espera e todo o programa planeado foi cumprido: discursos, jantar.